O ENCONTRO - Olá, filosóficos leitores dessa humilde experiência mal-sucedida; Aqui está mais uma vez, para lavar a sua cabeça com a "água da batata dos conhecimentos", eu. E vamos aos fatos, já que postar aqui anda mais difícil que andar sobre a água. Ou não.

- Schopenhauer, Erística e temas complicados que ninguém [mesmo] hoje quer saber.

Calma, leitor engajado. Antes de bater o "X" na janela [espero, do Firefox], entenda que não estou dizendo que o "tio Schope" seja inútil. O que quero dizer é que a Filosofia caiu de moda. Em muitos círculos acadêmicos, os amigos do saber são bastante excluídos, um preconceito infundado, mas alimentado pela teoria do "sobrou, então vai pra Filosofia", observada a partir das notas nos vestibulares.

Digamos três coisas importantes.

1 - Nota nunca quis dizer nada. E nem dirá, porque a metodologia é falha. Hoje, estuda-se para ser posto à prova, não para conhecer o que se aprecia. É possível ter notas altas sem ética. Ou com uma boa memória - sem interesse, no caso. Ou com os dois fatores.

2 - Sabe as rixas entre cursos na faculdade? Pense antes de falar da Filosofia. Afinal, se existe alguma matéria que pode chamar TODAS as outras de "sub-cursos", essa matéria é a Filosofia.

3 - Porque a Filosofia perdeu adeptos?

Essa terceira questão tem inúmeras respostas. Seria hoje o mundo "auto-resolvido" o bastante para defenestrar a Filosofia? Claro que não! Prova disso é que ela permance contemporânea até que seja contestada. Outra vantagem da Filosofia é esta: se você discorda de algum filósofo, escreva um livro contra ele! Essas brigas renderam boa parte da nossa Ciência.

Filosofia não importa? É por isso que a imagem acima se repete.
E, aproveitando: nota em prova é real? Sim ou não?
Créditos: Só Filosofia.

Falando empiricamente, fui apresentado a esse novo Universo pelo acaso: um tempo perdido que me possibilitou ler um livro. Já tinha lido sobre alguma coisa nos tempos da escola, mas o livro Como vencer um debate sem precisar ter razão - de Arthur Schopenhauer [com bela introdução de Olavo de Carvalho, intelectual "raivoso" brasileiro] [em tempo, título original, Dialética Erística]... Na introdução, Carvalho desfaz a bagunça feita por Schope nos conceitos aristotélicos de Dialética [o debate pela verdade, simplificando a definição ao extremo] e a Erística [debater para vencer, não para buscar a verdade.] Por Dialética Erística, Schope propõe o uso de 38 estratagemas para convencer, ou até mesmo coagir o adversário a aceitar sua razão, mesmo que ela não exista! Em resumo, um guia para se entender muitos aspectos, da grande mídia à Política, passando pelo mercado profissional e pela sala de aula.


O "Tio Schope" - pessimista que só ele...

Créditos: http://people.bu.edu/wwildman/WeirdWildWeb/media/galleries/philosophy/philosophy_gallwmodearly.htm

Depois de tanto pensar, olha o cabelo...
Créditos: Jewish World Review

Mas, voltando ao assunto... o que seria o tal "Encontro" mencionado no limiar superior desse post? O meu com a Filosofia? Não, ainda não cheguei a esse grau de egocentrismo. O encontro é entre o prussiano de Danzig e o mineiro de Itabira. Entre Schopenhauer e Carlos Drummond de Andrade. Um dos meus poemas favoritos de Drummond é o Congresso internacional do medo - e por meio das recentes leituras, cheguei a um paralelo, que aqui compartilho. Primeiro, os versos;

Congresso internacional do medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte, depois morreremos
de medo e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

[Carlos Drummond de Andrade]

Drummond filosofando - porque a leitura é só o começo...
Créditos: Blog Cella, Poemas.

Filosofando, talvez o desinteresse da maioria pela Filosofia - chegando até ao desprezo, em certos casos - seja reflexo do ambiente. O mundo que "provisoriamente" [como as MPs do governo] não canta mais o amor, canta o medo. Claro que ainda há uns poucos que se privam de cantar "o medo, nosso pai e nosso companheiro", mas a indiferença provocada pelo temor geral faz com que não sejam notados. Quem são esses poucos? São os filósofos! Que não abaixam a cabeça para mães, ditadores, democratas, ditadores e seus soldados. Que levantam do túmulo da indiferença e despedaçam a flor amarela idiota da morte. Que resgatam o amor próprio da humanidade do bunker quase impenetrável da ignorância. E que nada temem em represália, pois "não cantaremos o ódio, porque esse não existe".

Depois dessa defesa, espero que comecem a abrir os olhos, e a se levantar dos seus túmulos também. Afinal, o futuro não é imaginado de forma distante - é pensado com sinceridade e amor, antes de mais nada.

Paz e humanidade, até mais.

"Há um certo gosto em pensar sozinho. É ato individual, como nascer e morrer." - Carlos Drummond de Andrade.

3 comentários:

Mutante disse...

'Puxa', ficou muito bom o texto.
E claro, eu não iria clicar no 'X'. Mas vou decepcioná-lo, eu não uso Firefox e sim Opera.

Concordo com você no que disse sobre Filosofia e a falta de interesse. Atualmente, a referência de curso bom é candidatos/vagas; o que tem poucos candidatos não valem a pena, portanto pessoas que não querem nada, acabam indo para esses cursos, somente para entrar numa faculdade. Isso acaba sendo ruim para muitos cursos que não conseguem 'chamar a atenção'.

Eu gosto de filosofia, acredito na importância dela, uma pena que a maioria ignora isso.

Um abraço.

Expectatore disse...

Caro Mr. M. ... se o horário estiver mesmo certo, só sei que 00:46 de uma quinta-feira não é um horario muito bom pra se ler as coisas, auhsuhaushauha.

Firefox e Opera? Equivalentes. Se bem que, no mundinho fechado dos browsers, o Opera é o equivalente de um carro importado. [Mas, tudo menos IE.]

Infelizmente, vivemos em um mundo pautado pela concorrência. Chega a lembrar a velha história das pessoas que estão na fila sem saber o porquê. Resultado? Profissionais medíocres e sem perspectiva, frustrados na profissão.

Quem sabe a popularização da Filosofia não atenue esse problema?

Abraço.

Expectatore disse...

Oooops....

* Horário, com acento.

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